Hollow Knight: Silksong — o fenômeno que virou o mercado de cabeça para baixo
Seis anos de espera, uma comunidade inteira em contagem regressiva e, enfim, um estouro. Segundo reportagens citadas por TweakTown e GamesRadar+, Hollow Knight: Silksong, da Team Cherry, chegou em 4 de setembro de 2025 e, em três dias, teria vendido cerca de 3 milhões de cópias apenas no Steam, gerando algo próximo de US$ 50 milhões em receita. Somando todas as plataformas, os relatos apontam que mais de 5 milhões de pessoas já jogaram nesse curto intervalo, com picos de jogadores simultâneos superando em quase oito vezes o do primeiro jogo. Em paralelo, matérias mencionadas do Financial Times destacaram filas digitais e gargalos em lojas como Steam, PlayStation Store e Nintendo eShop, enquanto o Diario AS noticiou um patch inicial voltado a suavizar a curva de dificuldade nos primeiros momentos da campanha.
Mesmo em um mercado abarrotado de lançamentos semanais, Silksong rompeu a barreira do nicho e virou notícia também fora da bolha dos metroidvanias. A razão? Uma mistura rara de artesania e ambição. A Team Cherry — cujo núcleo criativo é famoso por ser composto por pouquíssimas pessoas — pegou tudo que funcionou no primeiro Hollow Knight e remixou com novas ideias de mobilidade, combate e progressão. O resultado, como resumem as primeiras impressões da comunidade, é um jogo que entrega o que prometeu: um metroidvania extenso, vertical, cheio de personalidade, que não tem medo de ser exigente.
A seguir, organizamos tudo que importa: por que Silksong é tão especial, o que muda em relação ao original, os números e o impacto no mercado, as críticas e ajustes pós-lançamento, dicas práticas de quem está começando e onde comprar — com preço sugerido no Brasil.
O que faz Silksong ser diferente (e por que isso importa)
Silksong não é “só” uma sequência. Originalmente idealizado como um DLC estrelado pela Hornet — a antagonista carismática de Hollow Knight —, o projeto cresceu até se tornar uma campanha inédita com identidade própria. A mudança de protagonista não é cosmética: toda a filosofia de design gira em torno de como Hornet se movimenta, luta e lê o mundo.
- Mobilidade agressiva: Hornet é mais alta, mais rápida e mais acrobática. O jogo recompensa ritmo, criação de oportunidade e domínio de rota.
- Arma e tema: a agulha e o fio não são apenas estética. A “seda” sustenta mecânicas de cura, habilidades e ferramentas, alterando o fluxo de risco e recompensa no combate.
- Estrutura vertical: em vez de descer por um cemitério de civilizações, você sobe. Silksong gira em torno de ascender — explorar biomas com rotas que se entrelaçam rumo a uma cidadela brilhante, núcleo simbólico do novo reino.
- Conteúdo bruto: de acordo com a cobertura citada, falamos de mais de 200 inimigos e 40 chefes. Isso exige variedade de padrões, arenas pensadas para diferentes abordagens e uma curva de aprendizado afiada.
Essa combinação conversa com o que fez o primeiro Hollow Knight perdurar: precisão de controles, leitura justa de telegraph dos inimigos e um mundo costurado com mão firme. Mas aqui, o jogo é mais imediato, mais atlético — e, por consequência, pede um jogador mais proativo.
Pharloom, a nova tapeçaria: narrativa, atmosfera e mundo
Se Hallownest era a melancolia cavernosa da queda, Pharloom é a promessa de ascensão — e a fricção entre brilho e decadência, canto e silêncio, seda e aço. A ambientação trabalha em camadas:
- Biomas contrastantes: jardins suspensos, oficinas mecânicas, vilas em reconstrução, corredores litúrgicos. Cada área traz ritmo próprio, paleta distinta e inimigos que “ensinam” linguagens de movimento específicas.
- Personagens e missões: em Silksong, a estrutura de tarefas e pedidos dos NPCs ganha peso. A escalada por Pharloom é pontuada por encontros que abrem rotas alternativas, atalhos e sistemas de recompensa — uma evolução do “teatro de comunidades” que o primeiro jogo já insinuava.
- Arquitetura vertical: subir é um verbo forte aqui. Secretos se escondem tanto atrás de paredes quanto acima de tetos e estruturas côncavas. O mapeamento mental torna-se uma habilidade valiosa — e o backtracking, uma arte.
Narrativamente, Hornet não é um avatar silencioso qualquer. Ela tem fala, objetivo e história emaranhada com as facções locais. Isso altera o tom: a jornada deixa de ser introspectiva e assume contornos de trama — sem perder o senso de mistério ambiental, marca registrada da Team Cherry.
Combate e mecânicas: dominar a “seda” é dominar o jogo
O loop central de Silksong descansa no fio de seda — recurso que alimenta cura e habilidades — e em como Hornet manipula espaço e timing. O design empurra você para a frente: punir, reposicionar, punir de novo. Algumas ideias-chave:
- Gestão de recurso: ao contrário do “alento” do Cavaleiro em Hollow Knight, a cura de Hornet tende a ser mais rápida e reativa, encaixando-se entre janelas curtas. Isso encoraja leitura precisa do inimigo e disciplina de risco.
- Ferramentas e técnicas: Hornet desbloqueia ferramentas ofensivas e utilitárias que se dobram tanto ao combate quanto à exploração (perigos ambientais, plataformas-contexto, rotas alternativas). Aprender quando trocar agressão por mobilidade é vital.
- Chefes como exames práticos: 40 encontros exigem repertório e paciência. Há chefes construídos para exploração de diagonais, outros para punir impaciência aérea, outros que testam consumo consciente de seda. O jogo quer que você “fale” sua gramática de movimento — não que a decore.
O resultado é uma dança. Silksong tem aquela qualidade rara: quando você morre, a culpa é sua. E, quando vence, sente que não atravessou o chefe por acaso — você aprendeu.
Som, música e apresentação: quando cada golpe tem voz
A arte de Silksong permanece artesanal: animações desenhadas à mão, leitura cristalina de silhuetas e efeitos sonoros que ajudam a antecipar golpes. A trilha de Christopher Larkin — compositor que ajudou a definir a identidade sonora de Hollow Knight — costura melodia e percussão com leitmotivs discretos, valorizando a verticalidade e o senso de urgência de Hornet.
Mais do que ambientação, o áudio é uma camada de legibilidade. Cada tipo de inimigo e cada fase de chefe tem uma “assinatura” sutil. Em lutas longas, essa assinatura age como metrônomo emocional — marcando o ritmo, empurrando o jogador a alinhar respiração e execução.
Visualmente, a direção permanece coerente: o uso de cores saturadas em pontos focais guia a atenção; a iluminação discreta sobre bordas e plataformas auxilia a leitura do salto; partículas e traços de seda reforçam feedback. É bonito, mas, antes de tudo, funcional.
Números, demanda e o “efeito Silksong” no mercado
Os relatos reunidos na imprensa especializada falam por si: 3 milhões de cópias em três dias no Steam e uma base de mais de 5 milhões de jogadores no mesmo período, com faturamento estimado em US$ 50 milhões. Paralelamente, Silksong teria liderado rankings na Nintendo eShop, superando blockbusters em janelas de pico, e provocado instabilidades em lojas digitais devido ao tráfego concentrado — um indicador claro do tamanho do interesse reprimido.
O que isso sinaliza para o mercado?
- Metroidvania é mainstream: o subgênero, antes “cult”, consolidou-se como aposta comercial robusta quando executado com excelência.
- Longevidade de catálogo: Hollow Knight (2017) seguiu vendendo e formando base de fãs por anos. Silksong colhe esse acúmulo — e cria espaço para mais ciclos longos de cauda.
- “Qualidade como marketing”: a Team Cherry reapareceu poucas vezes, com silêncio longo entre trailers. Ainda assim, converteu atenção em compra, prova de que reputação e consistência de design compensam a falta de bombardeio publicitário.
Há também um efeito-lanterna: quando um indie desse porte explode, a vitrine se abre para concorrentes e vizinhos de prateleira. Jogos metroidvania de alto calibre — de estúdios menores e médios — surfam a onda. Lojas destacam coleções temáticas, streamers migram para “experiências irmãs”, e o gênero inteiro ganha oxigênio.
Críticas, dificuldade e o patch inicial
De um lado, adjetivos como “obra-prima” destacam-se em análises de jogadores e veículos, puxados por controle responsivo, criatividade de biomas e chefes memoráveis. De outro, a curva de entrada foi apontada como um obstáculo para alguns — especialmente quem chega sem bagagem de metroidvania ou de Hollow Knight. Segundo matéria citada pelo Diario AS, a Team Cherry reagiu com um patch que suaviza a abertura: ajustes finos em dano, janelas de invulnerabilidade e telegraph de certos inimigos ajudariam a gerar um onboarding mais acolhedor, sem “diluir” o núcleo desafiador que o público fiel espera.
Vale a ressalva: acessibilidade não é sinônimo de “fácil”. É sobre dar ferramentas para que mais pessoas possam dominar a mesma montanha. Opções como remapeamento de botões, variações de feedback visual e calibragem de vibração — recursos comuns na indústria atual — ajudam. Se você está começando agora, não se assuste: Silksong quer que você aprenda, e ele ensina — ainda que com pulso firme.
Dicas essenciais para começar bem
Seja você veterano do primeiro Hollow Knight ou marinheiro de primeira viagem, estas práticas aceleram sua adaptação a Silksong:
- Jogue no ataque consciente: Hornet é menos “tartaruga” e mais “falcão”. Procure punir e sair. Fique perto, mas não parado.
- Leia padrões antes de causar dano: nos primeiros encontros, gaste 1–2 tentativas só para observar telégrafos. Poupando seda, você reconhece onde curar sem pânico.
- Priorize mobilidade nos upgrades iniciais: rotas alternativas e atalhos precoces pagam dividendos. Quanto mais caminhos você abre, mais recursos coleta sem “grindar”.
- Use o cenário a seu favor: plataformas elevadas, cantos de parede, rampas e ganchos improvisados criam janelas grátis de cura ou reposicionamento.
- Experimente ferramentas em chefes “muro”: às vezes, trocar uma habilidade muda a leitura da arena — alcance, ângulo e controle de espaço fazem diferença.
- Treine diagonais: saltos e dash diagonais bem medidos transformam batalhas que parecem injustas em tranquila coreografia.
- Não estoque seda sem propósito: recurso parado é recurso perdido. Cure cedo e sempre que houver janela segura.
- Faça pausas: lutas longas desgastam. Um intervalo de 2 minutos pode ser a diferença entre insistir no erro e “ver” o padrão que faltava.
Comparativo com o primeiro Hollow Knight: continuidade e ruptura
- Tom e ritmo: Hollow Knight favorecia o paciente, o metódico e o contra-ataque. Silksong, embora punitivo, recompensa iniciativa e leitura rápida. O “flow” é outro.
- Arquitetura do mundo: Hallownest evocava uma espiral descendente. Pharloom convida a ascender, com biomas que funcionam como patamares e “varandas” narrativas.
- Progressão: a ênfase em tarefas e rotas alternáveis é mais pronunciada. Você sente que trama seu caminho, e não apenas “descobre” o que o mundo já era.
- Música e assinatura sonora: Larkin preserva identidade, mas injeta mais pulso e urgência — combinando com a acrobacia de Hornet.
Para veteranos, é confortável o bastante para parecer casa, mas novo o suficiente para pedir mudança de hábitos. Para novatos, é um curso intensivo do gênero — sem atalho para a maestria, mas com o mapa para chegar lá.
Onde comprar e preço no Brasil
Conforme as páginas de loja no lançamento, o preço sugerido é de R$ 59,99 no Brasil. Como sempre, valores e promoções podem variar por região e período.
- Steam (PC) — R$ 59,99
- Nintendo eShop — R$ 59,99
- PlayStation Store — R$ 59,99
- Xbox Store — R$ 59,99
Dica: verifique bundles e edições com trilha sonora digital ou artbook, caso estejam disponíveis na sua plataforma — itens assim costumam aparecer nas primeiras semanas.
Destaques rápidos
- Lançamento: 4 de setembro de 2025
- Desenvolvedor: Team Cherry
- Gênero: Metroidvania
- Plataformas: PC, Nintendo Switch, PlayStation, Xbox
- Preço no Brasil: R$ 59,99
- Escopo: 200+ inimigos, 40 chefes (conforme reportagens)
- Música: trilha por Christopher Larkin
- Ênfase: mobilidade ágil, combate agressivo e estrutura vertical
O que significa “ser indie” no patamar Silksong
O triunfo de Silksong reforça um aprendizado precioso: escala pequena não é antônimo de ambição. Ao contrário, a Team Cherry traduz foco em consistência — um design que conversa entre arte, música, controle e sistemas. Em vez de diluir identidade na busca por “mais de tudo”, o estúdio escolhe “melhor de tudo que importa”.
Para a cena independente, o recado é animador: dá para chegar no topo sem virar um estúdio gigante, desde que a obra tenha clareza de visão, tempo de maturação e coragem de dizer “não” a ruído. O silêncio de anos antes do lançamento foi incômodo para parte da comunidade, mas também evitou promessas vazias. Quando o jogo finalmente caiu nas mãos do público, deixou que a experiência falasse por si.
E depois?
Hollow Knight (2017) cresceu no pós-lançamento com atualizações generosas. Embora Silksong já tenha conteúdo vasto, há espaço para calibrações, pequenas expansões e eventos sazonais — especialmente se a base de jogadores se mantiver ativa por meses. O patch inicial focado em acolher novatos indica sensibilidade de leitura da comunidade. A ser observado: ajustes em rotas “quebradas” para speedruns, balanceamento fino de ferramentas dominantes e polimento de desempenho em plataformas específicas caso surjam gargalos.
Falando em comunidade, espere uma explosão de guias, rotas rápidas, desafios “no hit” e competições informais. Itens colecionáveis, rotas de 100% e narrativas paralelas escondidas devem alimentar o boca a boca por um bom tempo.
Conclusão: Silksong entrega — e move a barra mais uma vez
Silksong não é só a sequência do “metroidvania querido”. É uma afirmação: dá para honrar o passado sem ficar preso a ele. Ao trocar o passo contido do Cavaleiro pela acrobacia da Hornet, a Team Cherry reescreve a gramática do seu mundo e nos convida a uma escalada que é, a um só tempo, técnica e emotiva. Os números chamam atenção, mas o que segura você na cadeira é a sensação inconfundível de domínio crescendo a cada queda — é o jogo ensinando e você aprendendo, até que o que parecia impossível vira execução pura.
Se você queria saber se vale a pena: sim. Se queria um guia para começar bem: acima estão as chaves. Se só precisava de um empurrãozinho final: este é ele. Boa escalada.






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